*Por Joel e Isa Reichert
Outro dia, estávamos fotografando em uma locação e, num momento de reflexão, demos uma rápida olhada para o set e pensamos: “Nossa, quanta coisa, quantos flashes!”
Mas, tudo bem, os fins justificam os meios. Se olharmos para o resultado (foto 1), compreenderemos que a beleza estética justifica todos os esforços em produzir uma imagem complexa, robusta, com muitos assistentes e toda aquela parafernália.
A dupla que aparece na foto é de atitude. São artistas do grafite reconhecidos em nossa região, portanto, nada mais oportuno do que um aspecto pictórico no retrato deles. Ao total, foram utilizados sete pontos de luz, todos fotometrados em f/32 para ISO 100.
Eram quatro de recorte, dois principais laterais, na posição conhecida como ampla, e um de fundo. Como eram três horas da tarde, optamos por usar uma velocidade bem alta, dentro do sincronismo, para subexpor um pouco o fundo (1/200).
Certo, você deve estar pensando: “Mas como eles colocaram sete pontos de flash sem deixar aparecer nada na imagem?”. Bem, o fato é que, para conseguir o f/32 em ISO 100, precisamos de mais ou menos um 1,50 metro de distância entre cada flash e o assunto. Isso significa que ambos precisaram ser iluminados na mesma intensidade – portanto, distância. Logo, limitados pela configuração do set, optamos por fazer a foto individualmente.
Expliquemos melhor: na verdade, tínhamos um gerador com quatro tochas que iluminavam o fundo e um dos modelos. Fizemos a marcação de posicionamento dos rapazes e, com a máquina no tripé, fizemos a foto de um deles, movimentamos o set para a direita e clicamos o segundo rapaz. Depois, nosso amigo Photoshop fez o resto do trabalho. Legal, muito bom ver um trabalho como esse, dá orgulho de termos realizado, mas é complicado!
Outro dia, num trabalho com alunos em um curso de book em externas, explicamos como é difícil interagir com clientes do cotidiano, cujas expectativas são na maioria a espontaneidade e naturalidade, em sets de iluminação tão marcados, como o citado anteriormente – e cá pra nós, trabalhoso também. Por isso, usufruindo da tecnologia presente, em uma fotografia tão bela quanto a de sete flashes, utilizamos apenas um, e dois dedicados. Neste caso, optamos pela sincronização via TTL utilizando um radioflash DIGI8 para sincronizar.
Quem já operou seus flashes nos modos master, remoto e slave sabe que há fatores que limitam o trabalho, tais como distância, visibilidade entre flashes e luminosidade. Bem, em ensaios externos, temos todos os fatores contra, além de vários outros tipos de intempéries, mas, com o auxílio de equipamentos como o radioflash, podemos sincronizar os flashes de forma segura e precisa.
Na foto 2, usamos um 580 EXII como luz principal, configurado em TTL e com a opção de highsync acionada. Para quem não conhece, é um botão com o símbolo de um flash mais um H. Quando ligada, essa tecnologia permite que façamos sincronismos em velocidades mais altas. Consequentemente, podemos usar maiores aberturas. Tomemos como exemplo o padrão para luz do sol f/16, 1/125, 100. Fácil de sincronizar, não?
Pois bem, convertidos para f/2,1/8000 e 100, ou seja, exatamente a mesma luz, só que com uma linguagem diferente (desfoque), fica difícil de sincronizar, mas não se usarmos o recurso de highsync. Na foto que ilustra essa técnica, a fotometria usada foi f/1.4, 1/6400 e 100, relembrando que iluminamos a modelo com um flash 580 EXII na posição borboleta, sincronizado pelo modo master/slave e acionado via radioflash.
Em um último caso (foto 3), com apenas uma mochila nas costas, um de nós foi atender uma arquiteta. Objetivo: detalhes. Separamos duas imagens que mostram elementos iluminados por flashes sincronizados via fotocélula. Nesse caso, equipamentos da Nikon – o famoso SU4 dos SB. Simples, fácil, arrojado e com requinte, tudo dentro de uma única mochila nas costas. Foi só rebater um para dar o enchimento e o outro fazia o brilho, destaque da imagem.
Dadas essas pequenas amostras do que se pode fazer com o flash, da próxima vez que for fotografar, tente olhar para seu trabalho como se estivesse de fora e faça uma pergunta para si mesmo: “Eu sei usar o equipamento que tenho?” Ou melhor: “Aproveito tudo o que o equipamento pode me oferecer?” Pense nisso.
* Artigo originalmente publicado na revista Photos & Imagens, edição #87
Origem: http://photos.uol.com.br/materias/ver/58068
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