
Hoje vamos refletir um pouco sobre a foto posada, especialmente com pessoas comuns, que não são modelos. Essa é uma questão sobre a qual sempre sou indagado. E, acredito, é um dos grandes desafios de todo fotógrafo.
“Todo o real apercebido passa, portanto, pela forma de imagem. Depois, renasce em forma de recordação, isto é, como imagem de imagem.”(Edgar Morin). Já Degas, famoso por sua pintura, mas que também fotografava, dizia que “pintar (ou fotografar) não é o que você vê, mas sim o que faz os outros verem.” E é exatamente por isso que é tão importante que, como fotógrafos, saibamos como dar a melhor e mais correta interpretação de uma imagem.
Precisamos pensar em iluminação, pose, cenários e situações. Mas hoje vamos focar na pose. Mas não poderei – e nem pretendo – esgotar um tema tão amplo em apenas um post.

Começarei com uma pergunta que é essencial para definir a pose: O que queremos comunicar? De fato, uma pose pode passar uma imagem tímida, poderosa, misteriosa, sensual, e por aí afora. Então, antes de pensarmos na pose temos que pensar o que aquela imagem precisa e deve transmitir. E, para tanto, precisamos estudar, conhecer e reconhecer o fotografado, porque quanto mais ligados estivermos mais fácil será para que sejam atingidas as metas.
Definido isso, é hora de construir a pose e algumas coisas devem ser levadas em conta, mas uma delas é essencial para toda e qualquer imagem: evitar distrações que nos façam perder o foco da imagem ou fazer com que a foto nos leve ao foco do que pretendemos. Isso porque, nós fotógrafos é que devemos escolher onde vai a ênfase da foto para passar a mensagem efetiva e correta.
Devemos, sempre, evitar distrações desnecessárias, mas, em alguns casos, é muito importante que a fotografia seja contextualizada, colocando o fotografado num ambiente especifico e fazendo com que um “dialogue” com o outro. E aí, nos resta o desafio de trabalhar com o corpo, com ângulos, com posturas, com o olhar e a expressão.

Vamos lembrar que nosso corpo tem curvas e que nossas pernas, braços, mãos e pés fazem ângulos. E temos que trabalhar com isso tudo a nosso favor. Uma dica boa é usar as curvas de forma benéfica, uma vez que, curvas mais acentuadas dão bons resultados. Mas claro que elas precisam passar uma imagem natural e não dura ou forçada, a menos que seja esta a intenção. Outra idéia é pensar sempre na coluna como sustentáculo do nosso corpo, fazendo com que nos posicionemos.
Para isso, imagine nosso corpo como um desses bonecos articulados. Temos que escolher os ângulos certos dos membros, levando em conta, por exemplo, que um ângulo agudo, via de regra, passa uma postura de energia, enquanto um ângulo obtuso passa uma postura mais elegante e um ângulo próximo de 90 graus uma postura de força e poder.

Além disso, precisamos escolher e determinar a direção certa do rosto e também do olhar. Vejam, por exemplo, que fotografias onde o ombro se mostra para um lado, pode ter o rosto e o olhar voltados para o lado oposto e, às vezes, é interessante termos um ângulo mais lateral com outros ângulos se formando, ou o pescoço um pouco mais “para cima”, a fim de que se evite a papada, etc.

O olhar merece cuidado especial também, claro. Pode ser um olhar direto, pensativo, distante ou ainda um retrato sem mostrar o olhar. Garrido, o mestre dos retratos, afirma que o olhar é importantíssimo, mas outro dia em um jantar – talvez para valorizar exatamente o olhar – falava da importância desse tipo de retrato também.
E os braços e mãos? O que fazer com eles? Eles podem ser usados à nosso favor. Os braços podem servir de molduras, do rosto, por exemplo. Podem segurar algo, o que é muito bom em vários momentos e situações, porque dá uma ação ao fotografado. Eles podem apontar para alguma coisa, ou simplesmente estarem relaxados, ou apoiados em algo (e nesse ponto, é importante que se apoiem delicadamente, uma vez que pressão normalmente é feia). De toda forma, o interessante é que os braços não fiquem nunca colados no corpo, sem angulação ou ação.

Com isso tudo, vemos que precisamos estar atentos a vários elementos, para que a imagem seja balanceada, equilibrada, com tudo proporcional. A imagem precisa ser clara, sem distrações e com o foco nos pontos mais importantes.
Para que consigamos atingir esses objetivos é preciso que nós, os fotógrafos, tenhamos domínio do que estamos fazendo, segurança em nossa atuação e, ao mesmo tempo, a mais clara percepção de quem estamos fotografando. Temos que passar tranquilidade e confiança àqueles que retratamos, e precisamos saber dirigir: dar os comandos certos, objetivos e de forma amigável, para não dificultar ainda mais as coisas para aqueles que não são modelos profissionais e que estão sob a mira intimidadora, na maioria das vezes, de nossas lentes. Por isso, é essencial a empatia entre fotógrafo e fotografado, porque além do bom clima e astral, gera confiança, que faz com que tudo se desenvolva melhor.
Então já fica aqui o tema de uma de minhas próximas colunas: a direção!
Além disso tudo, há questões técnicas importantes que devemos considerar. Uma iluminação adequada, prestando bastante atenção às sombras para dar volume nos lugares corretos, profundidade de campo e à escolha correta de lentes e distâncias focais, entre outros.

Para terminar, vamos pensar um pouco sobre a fotografia de casamento e de famílias, com as quais lido no meu dia a dia junto com minha esposa, Anna Quast Arruda, com quem divido meu estúdio e minha vida. Tudo isso que eu coloquei acima se presta, com perfeição, para a parte posada da fotografia de casamento. Conheçam suas noivas e mantenham com elas uma relação de confiança e de segurança para que no dia D seja possível desenvolver com rapidez, uma série bacana de fotografias posadas. Já escrevi uma coluna sobre boas oportunidades e corretas formas para a fotografia de casamento posada e bem dirigida.

Aqui, vale lembrar que a noiva estará usando seu vestido, que ela escolheu com tanto cuidado e carinho. Este vestido precisa, então, ser valorizado e, ao mesmo tempo, ela pode “interagir” com ele tocando ou olhando. Por outro lado, o vestido dificulta movimentos, então fiquem atentos ao que é possível ou não fazer. Da mesma forma, o buquê, um terço ou algo que a noiva tenha em mãos é algo que deve ser explorado. Sob um outro lado, a noiva pode trocar olhares e contato físico com seu noivo, seus pais, amigos e padrinhos. Tudo isso pode – e deve – ser utilizado na sessão de fotos posadas.
Por enquanto é isso. Até a próxima. Meu trabalho autoral você encontra aqui e meu trabalho profissional aqui ou em nossa fanpage no Facebook. No Instagram e no Twitter sou @rickyarruda
E vamos em frente!
fonte: http://photos.uol.com.br/materias/ver/97435
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